LUCY SALLES
Artista plástica, percorre o vasto território da memória, resgatando histórias de avós, mães e filhas e de suas relações afetivas.
No encontro da artista com uma foto em preto e branco de 1921: três gerações de mulheres, três relatos de vida. A foto virou instalação: “A sala do chá”, cerimônia que condensa tempos e estórias. Hoje esse hábito faz parte do seu dia a dia. Entre as árvores frutíferas do seu atelier, uma se destaca: velha cerejeira que todo outubro oferece sedutores e saborosos frutos vermelhos, prová-los não lhe bastou, fotografou, espremeu, esmagou, extraindo um sumo/tinta, cor/paixão, manchando rendas, lençóis e papéis em instalações, performances e telas.
Outra referência do passado são as luzes vermelhas, lembrança de um reumatismo agudo nas pernas, que a levou a morar com a avó na praia de São Vicente, na esperança de cura pelo sol, mar e aplicações do então chamado ”banho de luz vermelha” - vivificado em 1999 na instalação “O cheiro do Pêndulo”, “Frestas/cereja“, em 2003, e “Avermelhando sombras”, em 2005. Lembranças de solidão e da luz vermelha, inalterável, proibitiva.