RUBENS Espírito SANTO

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GILBERTO FREIRE: CASA GRANDE E SENZALA
EUCLIDES DA CUNHA: OS SERTÕES E SUA CABANA
ELIAS CANETTI: A CONSCIÊNCIA DAS PALAVRAS
GREGORY BATESON - PASSOS PARA UMA ECOLOGIA DA MENTE

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RUBENS ESPÍRITO SANTO
TENTA ESCLARECER SUA ENCRUZILHADA
---LUGAR SEM LUGAR---

Ontem, numa sexta-feira fria em São Paulo, assisti Hadewijch do Diretor Francês Bruno Dumont, com a excepcional atriz Julie Sokolowski, filme de 2009, que está passando no Shopping Frei Caneca, Festival Varilux de Cinema Francês.
Começo falando de Mim, falando do “Outro”, dos outros, que é o meu mais tenaz apelo neste momento da vida, introduzindo este filme na conversa. O filme é denso e econômico, não tem exagero. É muito epifânico, fala do meu próprio momento de vida e morte, --- de abandono do que não-funciona, de verdades prontas e estabelecidas; de lutar contra talvez o que eu mesmo pense de mim, por algo ainda inédito em meu pensamento e meu agir ---enfim o infundado de morte e ressurreição, ou de redenção como em Dostoiévski.
Mais do que um filme de fé, é um filme de comprometimento: “arriscamento”, ele vai se esclarecendo sem piedade, implacável como tem que ser a fé mais verdadeira, a personagem da jovem estudante de teologia e noviça Julie não se permite ser piegas em nenhum momento, não cede em momento nenhum, não há distração. Há uma disciplina para abordar o invisível. É direta, precisa e real. Gostaria de comentar alguns momentos do filme que provam isto que estou tentando elucidar, e exponho assim meu próprio método sem método, estar no mundo, ocupando uma posição difícil, ambígua, movediça e grávida de moção, mais do que de emoção. Estar fazendo algo que só agora com 43 anos (23 fazendo arte) acho que vale a pena ser chamado de arte, só agora me sinto realmente artista pronto para dizer-me, justo agora que pareço abandonar-me, estou no que é vivo.

a) Os garotos tocando ao ar livre, provavelmente num parque, principalmente o garoto da sanfona – estado de êxtase, entrega total ao seu ofício, possuído pela música que está fazendo, não está querendo comunicar algo através da música, está querendo comunicar a própria música, que se faz ”ele” naquele justo momento. Embodied, encarnado de si, encarnado da sanfona, do seu instrumento ---isto é destreza, sem isto não tem arte, como disse Gregory Bateson em seu lindo texto sobre arte (estilo, graça e informação na arte primitiva-1967), no livro seminal: “Passos para uma ecologia da mente”. Tomado pelo que tem que ser feito, sem espaço para distração. Julie é solapada por sua vontade de estar perto de Deus, de Cristo, nada a arranca de seu caminho, nada a distrai, nem suas dúvidas a distraem, tal é à força do seu amor por ele, quando estamos no caminho, até os erros são fundamentais para a conclusão dele.

b) Na igreja, durante um ensaio de um trecho da Paixão Segundo São Mateus de Johann Sebastian Bach (Nr. 51 Arie gebt mir meinen Jesum Wieder!);
a violinista é possuída como a própria Julie. Julie tem Ipseidade, não é preguiçosa, cumpre o veredicto de uma vocação, banca seu próprio desejo. O diretor tenta deixar claro que o divino pode se expressar da forma como ele bem quiser, de forma vil ou sagrada, ele não é maniqueísta. É amoral, não imoral.

c) A tentativa do afogamento de Julie, e seu resgate por um presidiário, que presta serviços voluntários ao convento: impressionante como ele, -em liberdade condicional, a salva, ele que já vinha espreitando-a, ele é a própria pertinência de como Deus aproxima-se, como ele bem entende, das pessoas, numa gramática (para além de qualquer clichê) toda torta se assim mostrar-se necessário.  Ele, o presidiário, é o próprio corpo de Deus encarnado para Julie,
é a tentação (atendimento) do seu pedido devotado. Ele não abandona nunca quem o ama com fervor como ela. Neste caso o ator, mistura de Cristo com Van Gogh, também é o que se elege.

d) A suntuosidade asfixiante da residência de Julie e seu desapego total da coisa toda: desapego é entrega a um ideal, o mesmo do irmão de Yassin: Nassir coordena um grupo de estudos do Islamismo. Nassir é outro possuído pela causa que acredita. Acredita no invisível com uma leve torsão da fé inabalável de Julie, Nassir é um combatente por uma causa maior que a dele mesmo, luta pelo seu povo, contra a injustiça. É um amor de guerrilheiro, de ação, e não de contemplação como o amor de Julie; amor ao invisível, ambos amam o invisível. A que contempla e o que age.

e) As madres e freiras: maravilhoso quando uma delas (a superiora) diz a outra freira, protetora da noviça Julie, que ela ainda tem pouco amor-próprio, por isto ainda precisa ser devolvida ao mundo para adquiri-lo, só assim servirá a Deus com justeza. Veja e compare que é o oposto da madre superiora de “A dúvida”, filme de John Patrick Shanley, com Meryl Streep.

f) O contraste entre sua casa e o convento, entre seu aposento no convento e seu aposento na casa do seu Pai, tecnocrata. Seu aposento no convento parece o aposento-Atelier de Morandi, é “Sacramento”, é “Oração”.
O mundo externo exala o perfume do mundo interno --- O “Mergulho”.
O mergulho mais profundo beira a superfície.

g) O real da imagem é preciso e o real da vida é precisão

h) Diferença entre Paris e os Países em guerra no Islã. Muito próximo da miséria que se dá por aqui, também somos responsáveis pela miséria do mundo, se tem pessoas sendo humilhadas no mundo somos parcela de conivência com este fato. Temos essa mácula sobre nós também. Penso que morre um Rubens Espírito Santo para-si, por um Rubens em Espírito.

R.E.S.
05 de junho de 2010, São Paulo

Ana Neute - desenho no computador do Diagrama Autopsia do Real
discente da escola da cidade (curso de arquitetura) e membro do atelier do centro. 

   rubens Espírito santo
   43 anos
   pensador e professor de filosofia da arte e arte extemporânea.
   coordenador pedagógico de artes visuais do projeto vocacional - CEU.
   coordenador das atividades práticas e teóricas do atelier do centro.

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CURSOS
segunda - filosofia da arte com Rubens Espírito Santo (aulas abertas, quinzenal), 20hs.
terça pintura contemporânea - “O drible na pequena área” com André Sztutman (semanal), 10hs.
terça - grupo LABUTA - laboratório, união, teoria e arte (semanal), 20hs.
quinta - teoria da arte contemporânea - “Metálogos” com Lucas Rehnman (semanal), 19hs.
atendimento indivídual com Rubens Espírito Santo - “Arte expandida”.

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Sei que Rubens Espírito Santo está num momento crucial do seu desígnio. Conquistada a destreza, começa a se dividir infinitamente. A configuração de sua obra já há algum tempo deixou de ser plástica (no sentido convencional), pois RES empreendeu-se no esforço impossível de esgotar a pedagogia como media. Entende que o único futuro possível para a arte é o fim da separação entre ela e filosofia, ciência e espiritualidade. Sou extremamente grato a ele por ter me ajudado a perceber a mesma coisa.
Seu entendimento de pedagogia é riquíssimo (e empírico, sempre em constante metamorfose), não sendo possível dar conta dele aqui. RES percebeu cedo que “a verdade humana é sempre uma verdade provisória, precária”1, mas que de maneira alguma isso exclui sua sede por metafísica, seu desejo de vislumbrar o que é intemporal na existência humana. [“a morte se expia vivendo”]2

A SUA DIVISÃO EM INFINITAS PARTES É O ACONTECIMENTO MAIS FELIZ:
“a verdade humana é uma verdade em diálogo”3 = “a felicidade só é possível compartilhada”4

09 de junho de 2010
Lucas Rehnman
artista e crítico de arte discente do curso de artes plásticas da FAAP

1 Moacir Gadotti – A relação mestre discípulo como fundamento da educação /Sociedade Brasileira de Filósofos Católicos – Filosofia e Realidade Brasileira, 1976, Vol.2. 2 Giuseppe Ungaretti – Sono una creatura , poema de 1956 / L’Allegria.
3 Moacir Gadotti, mesmo texto citado acima.
4 Into the Wild , 2007, dirigido por Sean Penn, baseado no livro homônimo, do jornalista Jon Krakauer, que conta a história verídica de Christopher McCandless,
um jovem recém-formado que se aventura pelos Estados Unidos da América até chegar ao inóspito Alasca.

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parceiros e colaboradores
LUCAS REHNMAN, SILVIA MHARQUES, FLAVIA TAVARES, ANDRÉ SZTUTMAN, ANNA ISRAEL, ANA NEUTE, PEDRO BENESIN, IZA FIGUEIREDO, ANI ROCCO, FABIOLA CHIMINAZZO, CARLA KINZO, CRIS ABREU, MARIA JOSÉ, ADEMAR/LASERPRINT, LUCIA PY, LABUTA.
fotos: TOMAZ CAPOBIANCO, FABIOLA CHIMINAZZO, R.E.S., BRUNO SHINTATE, SILVIA MHARQUES.

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